Hoje senti saudade de sair no domingo de manhã...
Mas não é apenas isso,
é saudade de ir à praça no domingo de manhã
Não entendi a saudade repentina
de algo que não nunca morri de amores,
mas que bateu, bateu
Queria ver o movimento das
pessoas,
Rostos dispostos e convidativos
Observar os balões de ar da criançada
As bolhas
de sabão sobrevoando o céu de nuvens de Belém
Queria acompanhar essas bolhas estourarem
nas mangueiras.
Saudades de parar pra ver os cachorrinhos à
venda ou pra adoção
De olhar os peixinhos no saco de água
E lembrar do meu peixe que morreu em menos de 1 dia.
De parar por um sorvete ou um picolé
Saudades de parar no sebo da praça e
olhar os livros,
Amo livros velhos, mais que novos... Quem leu aquele livro antes?
Bateu saudades de me encantar
com algum colar ou pulseira hippie,
de experimentar anéis de coco e as
boinas de tecido
Saudades de sentir o
cheiro da maniçoba,
de passar por entre a fumaça do churrasquinho de gato,
de
pedir uma KS
Saudades de ver os pais na fila dos carrinhos de brinquedo,
dos
algodões-doces,
das estátuas vivas,
do carimbó e do brega nos carros de som.
Senti falta de ter que escolher uma roupa leve
uma sandália rasteira pra esses dias
de praça
Saudades de sentar na grama pra conversar
e ter sempre a interferência
de um vendedor
de chocolate ou de flores de papel (que recuso sempre)
Hoje eu compraria uma flor de papel ou aceitaria uma.
Saudades
dos gritos,
da correria dos meninos,
do latido dos cães,
saudades de perguntar
o preço de tudo e comprar quase nada,
saudades de comprar tudo.
Saudades de
andar de mãos dadas na praça inteira
de procurar um banco ou um local com
sombra
Você e eu reclamando do calor na cidade,
Saudades de voltar pra casa com a
sensação de um dever cumprido,
simplesmente por ter te feito feliz domingo de manhã.